Mirlene Ferreira Macedo Damázio
Josimário de Paula Ferreira
Há séculos gestualistas e oralistas
vem travando uma batalha política e epistemológica em prol da educação de
pessoas com surdez. As pessoas com surdez vivem descontextualizadas e em
segundo plano em uma condição de exclusão em suas relações sociais. A educação
das pessoas que possuem surdez foi marcada por uma necessidade de corrigir um
“defeito”. O surdo foi considerado uma pessoa deficiente que precisava ser
reabilitada. Nessa concepção, como afirma DAMÁZIO e FERREIRA: “as pessoas com
surdez eram consideradas como incapazes de gerenciar seus atos.” Acreditava-se
que se não houvesse o desenvolvimento da fala ocorreria um “atrofiamento da
mente”. O problema da educação das pessoas com surdez não pode continuar sendo
centrado nessa ou naquela língua, como ficou até agora, mas deve levar-nos a
compreender que o foco do fracasso escolar não está só nessa questão, mas
também na qualidade e na eficiência das práticas pedagógicas. É preciso
construir um campo de comunicação e interação amplo, possibilitando que as
línguas tenham o seu lugar de destaque, mas que não sejam o centro de tudo o
que acontece nesse processo.
A nova Política de Educação no
Brasil vem tecendo fios direcionais que possibilitam superar uma visão centrada
de homem, sociedade, cultura e linguagem de forma fragmentária, que se
consolidará numa perspectiva de inclusão de todos, com especial destaque para
as pessoas com deficiências. Considerando a afirmação de DAMÁZIO e FERREIRA: A
inclusão escolar implica mudança paradigmática, ou seja, uma concepção de
homem, de mundo, de conhecimento, de sociedade, de educação e de escola,
pautado nas dimensões do heterogêneo, da não dualidade, da não fragmentação,
das diferenças multiculturais, do original e singular humano.”
A Educação Especial, na perspectiva inclusiva,
com o serviço complementar do Atendimento Educacional Especializado na
escola/classe comum, oferece novas possibilidades para as pessoas com surdez,
em que a Libras e a Língua Portuguesa escrita são línguas de comunicação e
instrução.
Para o desenvolvimento do AEE PS,
onde os obstáculos e entraves existentes não se façam presentes, Damázio sugere
o desenvolvimento de três momentos didático-pedagógicos: AEE em Libras, onde
todos os conhecimentos dos diferentes conteúdos curriculares são explicados
nessa língua por um professor. Trata-se de um trabalho complementar ao que está sendo estudado em sala
de aula. O atendimento ocorre diariamente, em horário contra turno. AEE
para o Ensino da Língua Portuguesa, que tem como objetivo desenvolver a competência linguística,
bem como textual dos alunos com surdez, para que sejam capazes de ler e
escrever em Língua Portuguesa. O ensino é desenvolvido por um professor,
preferencialmente, formado em Língua Portuguesa e que conheça os pressupostos
linguísticos teóricos que norteiam o trabalho. O Atendimento Educacional Especializado para o
ensino de Libras inicia com o diagnóstico do aluno e ocorre diariamente, em
horário contrário ao das aulas, na sala de aula comum. Este trabalhado é
realizado pelo professor e/ou instrutor de Libras
(preferencialmente surdo), de acordo com o estágio de desenvolvimento da Língua de Sinais em que o aluno se encontra.
A proposta de educação escolar inclusiva é um desafio, que para ser efetivada faz-se necessário considerar que os alunos com surdez também têm o direito de acesso ao conhecimento, à acessibilidade, bem como ao AEE. Enfim, pensar e construir uma prática pedagógica que se volte para o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com surdez, na escola, é fazer com que essa instituição esteja imersa nesse emaranhado de redes sociais, culturais e de saberes. É importante frisar que a perspectiva inclusiva rompe fronteiras, territórios, quebra preconceitos e procura dar ao ser humano com surdez, amplas possibilidades sociais e educacionais.
(preferencialmente surdo), de acordo com o estágio de desenvolvimento da Língua de Sinais em que o aluno se encontra.
A proposta de educação escolar inclusiva é um desafio, que para ser efetivada faz-se necessário considerar que os alunos com surdez também têm o direito de acesso ao conhecimento, à acessibilidade, bem como ao AEE. Enfim, pensar e construir uma prática pedagógica que se volte para o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com surdez, na escola, é fazer com que essa instituição esteja imersa nesse emaranhado de redes sociais, culturais e de saberes. É importante frisar que a perspectiva inclusiva rompe fronteiras, territórios, quebra preconceitos e procura dar ao ser humano com surdez, amplas possibilidades sociais e educacionais.
Referência
Bibliográfica
Coletânea
UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. Fascículo
05: Educação Escolar de Pessoas com Surdez - Atendimento Educacional
Especializado em Construção, p. 46-57.