Este texto tem como objetivo diferenciar Surdocegueira e DMU, bem como relacionar entre as duas semelhanças nas estratégias de ensino, necessidades básicas e ações que são utilizadas para a aquisição de comunicação.
No que se diferenciam a Surdocegueira e a Deficiência Múltipla DMU?
A surdocegueira é uma deficiência única em que o indivíduo apresenta ao mesmo tempo perda da visão e da audição. É considerado surdocego a pessoa que apresenta estas duas limitações, independente do grau das perdas auditiva e visual. A surdocegueira pode ser congênita ou adquirida e não é deficiência múltipla. Segundo o fascículo (AEE-DM), as pessoas surdocegas estão divididas em quatro categorias:
pessoas que eram cegas e se tornaram surdas;
que eram surdos e se tornaram cegos;
pessoas que se tornaram surdocegos;
pessoas que nasceram surdocegos, ou se tornaram surdocegos antes de terem aprendido alguma linguagem.
Segundo o Mec, DMU "é o conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional
ou de comportamento social.” "É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social” (Fascículo DMU). As pessoas com Deficiência Múltipla apresentam também características específicas, individuais, singulares e não apresentam necessariamente os mesmos tipos de deficiência, podem apresentar cegueira e deficiência mental; deficiência auditiva e deficiência mental; deficiência auditiva e autismo e outros, ou seja essas deficiências não possuem uma dependência entre si, podem ser: Física e Psíquica; Sensorial e Psíquica; Física, Psíquica e Sensorial.
Quais são as necessidades básicas desses alunos?
É importante favorecer o desenvolvimento do esquema corporal da pessoa com surdocegueira ou com deficiência múltipla. O AEE deve auxiliar estes alunos no que se refere ao desenvolvimento da autonomia, comunicação e mobilidade. As pessoas surdocegas necessitam de formas específicas de comunicação para terem acesso a educação, lazer, trabalho e vida social também como: Igualdade de oportunidades nos diversos segmentos da sociedade: educação, saúde, serviço social, lazer e trabalho; Atendimento educacional específico afim do auxílio na autonomia desenvolvendo a comunicação e mobilidade; Apoio de intérpretes ou de um sistema adequado para a comunicação; Confiança com o outro para que aconteça o processo de ensino aprendizagem; Adequação dos ambientes: casa, escola, sala de aula; Rede de apoio entre escola, AEE, família e demais atendimentos.
O conhecimento das habilidades e dificuldades de comunicação de indivíduos surdocegos pode nortear as políticas públicas na criação de medidas que visem melhorar o seu acesso à comunicação e à informação e, assim, a sua independência. Os Indivíduos com surdocegueira demonstram dificuldade em observar, compreender e imitar o comportamento de membros da família ou de outros que venha entrar em contato, devido à combinação das perdas visuais e auditivas que apresentam.
Faz-se também necessário incentivar e ensinar a pessoa com surdocegueira como fazer uso de sua visão e audição residuais, assim como outros sentidos remanescentes, provendo-as de informações sensoriais que suscitem sua curiosidade. As perdas parciais ou totais da audição e visão fazem com que a informação do meio lhe venha divididas em cortes e sem nexo, por isso a necessidade de uma pessoa para mediar este processo se torna imprescindível. O surdocego precisa desse mediador bem próximo.
A pessoa com surdocegueira apresenta uma habilidade reduzida para antecipar eventos futuros por pistas do ambiente, por isso, durante o processo de comunicação o interlocutor tem a função de antecipar o que vai acontecer, estimulá-la a se comunicar, confirmar se está interpretando as informações e a todo momento comunicar o que ocorre no ambiente. Se a comunicação efetiva não for estabelecida na infância, o surdocego pode ao crescer, tornar-se um jovem ou um adulto com comportamentos inadequados para se comunicar.
Por outro lado, as necessidades básicas de uma pessoa que apresenta DMU, diz respeito às necessidades físicas e médicas como: condições favoráveis de saúde, físicas e de afetividade com apoio e aceitação familiar; limitações sensoriais, convulsões, controle respiratório e pulmonar, entre outros; necessidades emocionais: afeto, atenção, oportunidades de interação com o meio e com o outro, desenvolvimento de relações sociais e afetivas e também de confiança; necessidades educativas: limitações no acesso ao ambiente, dificuldades em dirigir a atenção, em interpretar informações e em generalizações e necessidades sensoriais e de comportamento social; comunicação adequada ao seu grau de comprometimento e atividades para autonomia e participação social nos diferentes espaços de convivência.
As pessoas com deficiências múltiplas também constituem um grupo com características especificas e peculiares e, consequentemente, com necessidades únicas. Nesse sentido de acordo com o fascículo orientador do MEC (2002), faz-se necessário dar atenção a dois aspectos importantes: a comunicação e o posicionamento.
No aspecto da comunicação, o mediador será responsável por ampliar o conhecimento do mundo, visando proporcionar autonomia e independência. Quanto ao posicionamento faz-se necessário a adequação postural da pessoa com DMU para que possa fazer uso de gestos ou movimentos com os quais tenha a intenção de comunicar-se.
Quais estratégias que são utilizadas para aquisição de comunicação?
Em primeiro lugar podemos classificá-los em:
Pré – linguistas: não possuem linguagem definida (oral ou gestual), geralmente ocorre o isolamento do mundo;
Pós – linguistas: já dominam uma linguagem definida através de sistemas adaptativos à sua confiança podendo ser através do alfabeto manual ou datilológico, tadoma, sistema Braille, tablistas ou língua oral amplificada;
Estimulação precoce (desde a educação infantil) auxiliará no processo de comunicação não tornando o aluno um ser isolado da sociedade.
Em segundo lugar apresentamos a comunicação em Receptiva e Expressiva, para favorecer a eficiência da transmissão e interpretação. A comunicação Receptiva ocorre quando alguém recebe e processa a informação dada por meio de uma fonte e forma (escrita, fala, Libras e etc). A informação pode ser recebida por meio de uma pessoa, radio ou TV, objetos, figuras, ou por uma variedade de outras fontes e formas. No entanto, Comunicação Receptiva requer que a pessoa que está recebendo a informação forme uma interpretação que seja equivalente com a mensagem de quem enviou tentou passar. A Comunicação Expressiva requer que um comunicador (pessoa que comunica) passe a informação para outra pessoa. Comunicação Expressiva pode ser realizada por meio do uso de objetos, gestos, movimentos corporais, fala, escrita, figuras, e muitas outras variações.
Podemos elencar abaixo algumas estratégias e cuidados que podem serem utilizada para aquisição de comunicação: valorizar positivamente todas as maneiras de comunicação apresentada pelo aluno; buscar formas de comunicação observando qual facilite a interação com o meio; procurar quando necessário comunicações suplementares (quando não há fala) ou complementares (quando há linguagem – alternativa) através de softwares e equipamentos; dar atenção à comunicação e o posicionamento: respeitar a individualidade do aluno; posicionar de maneira confortável tendo boa adequação postural; disponibilizar e adaptar recursos para a aprendizagem: Objetos de referência amigos, professora e atividades; Cuidar com poluição visual em murais ou na lusa pode afetar o uso da visão residual para aprendizagem. é preciso diminuir; movimento do professor: não conseguem seguir as orientações tanto visuais quanto auditivas que o professor está dando para todos;
Referências:
BOSCO, Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R.Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência Múltipla(2010).
SERPA, Ximena Fonegra, Comunicação para Pessoas com Surdocegueira. Tradução do livro Comunicacion para Persona Sordociegas, INSOR-Colômbia 2002.
Aspectos Importantes para saber sobre Surdocegueira e Deficiência Múltipla. Texto elaborado pela coordenadora da disciplina Profa. Dra. Shirley Rodrigues Maia para apoiar no desenvolvimento das propostas de Solução para o Problema.
IKONOMIDIS, Vula Maria Apostila sobre “Deficiência Múltipla Sensorial”,2010.